CAPÍTULO IV
AS
PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS
Como vimos nos capítulos anteriores, as igrejas fiéis, a partir
do ano de 253.A.D., foram decididamente conhecidas pelas igrejas erradas pelo
apelido de anabatistas. No presente capítulo estudaremos as aflições que esses
crentes passaram para permanecerem leais ao ensino de Jesus. Foram duas fases
distintas de perseguição. Na primeira fase a perseguição foi sofrida juntamente
com as igrejas erradas, pois, para todos os efeitos, os pagãos não saberiam bem
distinguir quem era o certo e quem era o errado. Aos pagãos o que interessava
era eliminar o cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. A partir
desta data, o Imperador Constantino fez uma proposta de casar o Estado com a
Igreja. As igrejas erradas aceitaram o convite. As fiéis não. Começou então a
segunda fase de perseguição. Neste período vemos as igrejas fiéis sofrendo
perseguições nas mãos de igrejas erradas. Abaixo temos um breve relato destas
duas fases de perseguição.
PERSEGUIDAS
JUNTO COM AS IGREJAS ERRADAS ATÉ 313 A.D.
Até o ano de 3l3 A.D. os cristãos - fiéis ou errados - sofriam
as perseguições vindas com os editos lançados pelos imperadores. As primeiras
conhecidas foram as de Nero (54-68). Pedro e Paulo morreram nesse período. A
perseguição estourou pela segunda vez em 95 durante o governo despódico de
Domiciano. Foi nesse período que o apóstolo João ficou preso em Patmos. Outras
se deram em ll2 por Plínio e em 161-180 por Marco Aurélio. Estas perseguições
foram locais e esporádicas até o ano de 250, quando se tornaram gerais e
violentas, começando com uma dirigida por Décio. Muitos pastores se desviaram
nesta perseguição. Em 303 Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs, a
destruição de igrejas, a deposição dos oficiais da igreja, a prisão daqueles
que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição das escrituras pelo
fogo. Um ultimo édito obrigou os cristãos a sacrificarem aos deuses pagãos sob
a pena de morte caso recusassem.
Esta primeira fase de perseguição criou dois problemas internos
que necessitavam de solução. Um dos problemas foi as duas duras controvérsias
que tiveram lugar no Norte da África e em Roma, envolvendo a maneira de tratar
aqueles que tinham oferecido sacrifícios em altares pagãos, quando da
perseguição movida por Décio, e aqueles que entregaram Bíblias na perseguição
dirigida por Diocleciano. As igrejas fiéis depuseram do cargo os pastores que
caíram durante este período. Foi o caso do bispo de Cartago, Felix. Já as igrejas
erradas achavam que estava tudo bem, afinal de contas eram tempos de
perseguição. Assim, apoiado pelo bispo de Roma, Felix manteve-se no cargo de
pastor. Esta atitude separou ainda mais as igrejas fiéis das erradas. Os
donatistas surgiram desta questão.
A perseguição movida por Diocleciano provocou o segundo
problema, que foi o do Cânon do Novo Testamento. Se o possuir epistolas podia
levá-los a morte, os cristãos precisavam estar seguros de que os livros pelos
quais poderiam padecer a morte eram realmente livros canônicos. Esta
preocupação ajudou nas decisões finais acerca de qual literatura era sagrada.
Foi assim que resolveu-se aceitar os atuais vinte e sete livros do Novo
Testamento seguindo a seguinte idéia: Verificar se ele tinha sinais de apostolicidade;
Verificar se foi escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos
apóstolos; Verificar a eficácia do livro na edificação da igreja quando lido
publicamente; e verificar sua concordância com a regra de fé dos apóstolos.
PERSEGUIDAS
PELAS IGREJAS HERÉTICAS A PARTIR DE 313 A.D.
Em 313, com o edito de Milão, Constantino fez cessar a
perseguição aos cristãos em todo o império e gradualmente foi cumulando-os de
favores. O imperador logo percebeu a clara divisão entre os cristãos. Percebera
a importância de ser apoiado pela hierarquia de uma religião poderosa. Mas
precisava que essa hierarquia fosse unanime em sua fidelidade ao Estado. Assim,
embora pagão, presidiu concílios da Igreja e obrigou-a a unificar-se. Devido a
essa atitude foi prontamente contrariado pelos anabatistas. Indignado, e
aliando-se aos cristãos errados, baniu e perseguiu os fiéis que não concordaram
com sua unificação das igrejas. Começaram as terríveis perseguições das seitas
cristãs oficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os
anabatistas, que se mantiveram independentes do governo. Pela primeira vez na
história, a partir do ano 313, encontramos a página mais triste da história das
igrejas. Encontramos cristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta
perseguição, além de visar o extermínio dos anabatistas, também foi a mais
longa. Durou mais de mil e trezentos anos, vindo a terminar após a Reforma no
século XVII.
As heresias que levaram as igrejas erradas a serem excluídas
eram de princípio duas: Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico.
Agora, com a igreja se tornando a religião oficial do Estado, e estando sob a
orientação e o comando do Imperador, temos mais uma heresia, e esta feriu a
independência da igrejas para com o Estado. Para a infelicidade dos fiéis, era
esta uma heresia que dava muita força aos cristãos errados. Os pastores das
igrejas heréticas tornaram-se mais fortes do que já eram. O bispo de Roma logo
despontou como soberano sobre os demais. Até algumas igrejas fiéis, vendo neste
casamento o cessar da perseguição, debandaram de lado, diminuindo
consideravelmente o número das igrejas fiéis às escrituras.
Protegidos e armados com o apoio dos imperadores as igrejas
heréticas mostraram sua verdadeira face. A face da intolerância. A face de um
caráter depravado que não tinha nada de Cristo. A face do ódio contra quem era
fiel a Cristo. Liderados pelo bispo Romano no Ocidente e pelo bispo de
Constantinopla no Oriente as igrejas heréticas passaram a perseguir cruelmente
as igrejas fiéis. Proibiu-se o direito de culto; proibiu-se a livre
interpretação das escrituras; proibiu-se o rebatismo; Quem não pertencesse a
igreja oficial - ou Católica - seria perseguido e condenado a morte. Qualquer
pessoa que fosse rebatizada pelos anabatistas sofreria a pena de morte. Os
pastores anabatistas foram a uma condenados à fogueira, ao afogamento, a
tortura e toda sorte de assassinado e extermínio possível.
Assustados com a perseguição e na busca da sobrevivência, as
igrejas fiéis fugiam de lugar a lugar. Iniciou-se o período de migração dos
anabatistas para os países onde havia a tolerância religiosa. Portanto, a
partir do século. IV vamos encontrá-los em diversos países e com diversos
nomes. No capítulo seguinte será estudada estas fugas mais detalhadamente.
A FUGA DOS
ANABATISTAS MOTIVO DA FUGA: A INQUISICÃO
Foi visto no capitulo anterior que o motivo da fuga dos
anabatistas deveu-se ao plano de extermínio por parte das igrejas heréticas. O
plano, primeiramente elaborado pelo imperador Constantino, foi seguido pelos
seus sucessores e levado a cabo pelos bispos das principais igrejas heréticas
como a de Roma e Constantinopla. Em qualquer enciclopédia o leitor poderá
encontrar como foi feito este plano. Chamava-se INQUISICÃO. Durou mais de 1200
anos e matou mais de 50.000.000 (cinqüenta milhões) de anabatistas em todo o
mundo. Vejamos o relato da enciclopédia BARSA sobre a Inquisição:
"Se bem que a Inquisição só se apresentasse em plena
pujança no século XIII, suas origens, contudo, remontam o século IV. A partir
de então data a perseguição aqueles que não aceitavam o credo católico. Tinham
seus bens confiscados e eram condenados a morte. As perseguições foram
acentuadas no século IV e V. Do século VI ao IX as perseguições diminuíram.
Aumentou porém, a partir da ultima parte do século X, registrando então
numerosos casos de execuções de hereges, na fogueira ou por estrangulamento. O
papa Inocencio III (1198-1215) foi responsável por uma cruzada contra os
albingenses (anabatistas do sul da Franca), após a qual praticou execuções em
massa".
Note na frase acima: "suas origens remontam o século
IV". Foi justamente neste período - após 313 A.D - que os cristãos
heréticos, por terem unido a Igreja com o Estado, conseguiram forcas para
destruir os cristãos fiéis. Fica claro segundo este relato da BARSA que o
motivo ou a intenção dos cristãos heréticos era a de exterminar os anabatistas,
e método que usaram foi a famosa INQUISICÃO.
No mesmo relato mencionado somos informados que as perseguições
foram acentuadas nos séculos IV e V. Só Deus sabe quantos cristãos fiéis foram
rudemente assassinados. Quando diz que "do século VI ao IX as perseguições
diminuíram", não foi pelo fato de haver misericórdia por parte dos
católicos. Quer dizer que não tinham tantos anabatistas para eles matarem,
pois, após trezentos anos de perseguição e genocídio, ficaram poucos para
contarem a história. A partir do século X, lá pelos anos 900, quando em alguns
países o números de anabatistas aumentava, a perseguição recrudescia, ou seja, era
mais sanguinária.
Um dos motivos que no século XVI os anabatistas apareceram em
grande número na Alemanha, Boêmia, Países Baixos e Inglaterra, é que nestes
lugares a Inquisição era bem menor. No sul da Europa, devido a influencia
papal, era quase impossível um anabatista sobreviver.
Sem a liberdade de cultos e com a vida constantemente ameaçada
os anabatistas só tiveram uma saída. Fugir para os montes e lugares distantes.
Fugir da inquisição promovida pela ira e maldade papal.
O motivo pelo qual os anabatistas eram perseguidos foram:
- insubmissão a hierarquia religiosa;
- Não aceitação do batismo como um sacramento ou algo que tenha
a ver com
a salvação;
- pregar que a salvação é só pela graça sem a ajuda das obras;
- negar o culto aos santos;
- negar que Maria é mãe de Deus;
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