CAPÍTULO III
A ORIGEM DOS
"ANABATISTAS"
Como vimos no final do capítulo dois, com a desfraternização dos
cristãos entre os anos de 225 a 253 A.D., surgiu dois grandes blocos de
cristãos. O bloco dos anabatistas e o bloco das igrejas erradas. Neste capítulo
trataremos especificamente com o futuro que tomou as igrejas fiéis cognominadas
de "anabatistas".
QUEM FORAM
OS ANABATISTAS?
Nos livros de história e em muitas enciclopédias encontraremos
algumas notas sobre quem foram os anabatistas. Em alguns livros são chamados de
"dissidentes", e em outros de "seita de heréticos". Há
escritores que não querendo se comprometer com sua maioria de leitores
católicos ou protestantes, chama-os de "fanáticos religiosos".
Observando estas poucas entre muitas referencias erradas sobre
eles, podemos analisar cuidadosamente. Eram dissidentes? Não. Dissidente é uma
pessoa que se separa de outro por algum motivo. Eles não se separaram de
ninguém. Apenas não concordavam com heresias dentro da igreja. Se uma igreja
tem 20 membros. Quinze resolve mudar a fé. Cinco permanecem fiéis. Quem
dissidiu? Os quinze que estão no erro ou os cinco que permaneceram fiéis? É
evidente que dissidente é aquele que saiu daquilo que está certo e firmado.
Chamá-los de um ajuntamento de heréticos é o mesmo que chamar os
apóstolos de heréticos. Não foram os anabatistas que mudaram de fé. Nunca foi a
intenção de um anabatista mudar aquilo que Deus ordenou. Heréticos foram os
pastores e membros das igrejas erradas, os mesmos que posteriormente foram
conhecidos como católicos. Os anabatistas não eram uma facção de cristãos. Eles
eram os verdadeiros cristãos. Portanto, seita foi a igreja - Católica - que
surgiu tendo como membros indivíduos e pastores excluídos por motivos
biblicamente corretos.
Também não eram fanáticos religiosos. Seguir a Cristo como manda
as escrituras não é ser fanático, é ser discípulo verdadeiro. Discordar de
heresias não é fanatismo, é zelo pela palavra de Deus. Seria os apóstolos
fanáticos? Zaqueu foi um fanático por querer fazer a vontade de Deus? Paulo foi
um fanático quando condenou a idolatria? Pedro foi um fanático quando discordou
da salvação pelas obras? De forma alguma. A maior prova de que os anabatistas
não eram fanáticos está no exemplo dos primeiros cristãos mencionados no livro
de Atos.
Podemos afirmar com certeza que os anabatistas foram os
verdadeiros seguidores de Jesus entre os anos de 225 até os anos de 1600.
Homens que amavam servir a Cristo. Eram cristãos que não concordavam com o erro
grotesco de ver pessoas acreditando que o batismo ajudava na salvação; Cristãos
que não aceitavam em ver um bispo monárquico querendo mandar no rebanho de
Deus. Igrejas que tiveram a coragem de excluir do meio cristão original as
igrejas heréticas. Foram eles os autênticos sucessores dos apóstolos na
obediência a Jesus e a sua Palavra.
O QUE
SIGNIFICA ESTE APELIDO?
O próprio título confessa que o sobrenome dado aos cristãos
fiéis - anabatistas - é um apelido, e tem tudo a ver com o propósito para o
qual ele foi dado. Anabatistas é uma palavra grega que significa "batizar
outra vez". O prefixo "ana" quer dizer outra vez, e a raiz
"batista" significa mergulhar ou batizar nas águas. Assim, quando uma
igreja era chamada de anabatista por outra, significava que ela batizava outra
vez os membros vindos das igrejas erradas.
ONDE E
QUANDO SURGIU ESTE APELIDO?
Este apelido foi usado pela primeira vez na Ásia Menor para
distinguir nesta região as igrejas fiéis das erradas. O local mais aceito como
sua origem é na Frígia, local de onde saiu o pastor Montano para pregar contra
os dois erros mencionados no segundo capítulo, os quais, corrompiam as igrejas
cristãs. Montano foi um pastor muito itinerante, e por isso sua mensagem se
esparramou por toda Ásia Menor, fazendo que as igrejas dessa região
permanecessem fiéis a doutrina recebida pelos apóstolos. Montano viveu cerca de
156 A.D. Foi justamente nessa época que as igrejas da Ásia Menor resolveram
rebatizar membros vindos de igrejas erradas. Então pela primeira vez uma igreja
foi conhecida como "anabatista".
Oficialmente ele é usado em 253 A.D., pelo bispo romano Estevão
que, indignado com o fato de ver sua igreja excluída pelas igrejas da Ásia,
resolveu chamá-las de "anabatistas". O fato é que depois do bispo romano
ter se manifestado, todas as igrejas que não concordavam com a idéia de
Salvação através do batismo e da necessidade de um bispo monárquico, foram
conhecidas como anabatistas.
O POR QUE
DESTE APELIDO
Talvez o leitor esteja confuso e pergunte o por que dos cristãos
ter a necessidade de receberem outro apelido além de cristão.
Um crente fiel ao Senhor tem muito amor aos ensinos da Bíblia.
Jesus ao enviar a grande comissão dá três ordens: Fazer discípulos; batizar; e
ensinar as coisas que ele ordenou; Então, uma igreja fiel irá: pregar, batizar
e ensinar o que ele ordenou. Note que ele diz: "vos tenho ordenado".
Ordem é ordem. Mandamentos são mandamentos. A igreja não pode fazer aquilo que
não lhe foi ordenado, mas somente o que Jesus mandou. Por isso as igrejas fiéis
não podiam e nem podem se submeter a erros heréticos como mudar o plano de
salvação e a chefia da igreja!
A exclusão das igrejas erradas em 225 A.D. pelas igrejas fiéis
foi uma atitude necessária para a conservação do evangelho puro e original.
Assim como um membro profano deve ser excluído do seio da igreja, da mesma
forma uma igreja profana deve ser excluída da comunhão com as outras igrejas
fiéis. O próprio Senhor Jesus nos ensina no livro de Apocalipse que o simples
fato de uma igreja não ser fria nem quente é motivo de ser
"vomitada". Queiram os ecumênicos ou não, já no segundo século havia
dois tipos de cristãos: os fiéis ao evangelho e os infiéis. Os infiéis,
excluídos em 225, já não tinham mais o direito de batizar, ao menos que se reconciliassem.
Como isso não aconteceu perderam totalmente a ordem do batismo. Aceitar o
batismo de uma igreja excluída é o mesmo que aceitar que um crente excluído
saia por aí batizando todo mundo. Conclui-se que o rebatismo de membros vindos
de uma igreja excluída é algo necessário, pois quem não recebe o batismo de uma
igreja biblicamente aceita, não recebeu o batismo cristão.
Portanto, o apelido anabatista, só apareceu porque as igrejas
erradas não quiseram arrepender-se de seus erros. Além do que, não se chamaram
assim, mas foram pelas igrejas erradas assim chamados. O fato dos anabatistas
não terem repudiado o apelido significa que o mesmo estava de acordo com uma
realidade da época, ou seja, precisava ter rebatizadores para enfrentar as
heresias das igrejas eradas.
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